Quem disse que videogame é coisa de jovem? Uma revolução silenciosa está acontecendo nas salas de estar ao redor do mundo, onde avós e pais estão descobrindo o universo dos games depois dos 60 anos. O fenômeno dos “silver gamers” – jogadores da terceira idade – vem crescendo exponencialmente, desafiando estereótipos e transformando a demografia do mercado de jogos eletrônicos.
Histórias como a da mãe de 66 anos que se tornou uma gamer apaixonada após ganhar um PlayStation 4 de presente da família não são mais casos isolados. Elas representam uma tendência crescente que está mudando a forma como enxergamos a relação entre tecnologia, entretenimento e envelhecimento.
A Ciência Por Trás dos Benefícios dos Games na Terceira Idade
Você sabia que jogar videogame regularmente pode retardar o declínio cognitivo em pessoas idosas? Estudos recentes da Universidade de California mostram que adultos acima dos 60 anos que jogam videogames por pelo menos 3 horas semanais apresentam melhor desempenho em testes de memória, atenção e tomada de decisões.
Os jogos eletrônicos estimulam áreas do cérebro responsáveis pela coordenação motora fina, raciocínio lógico e resolução de problemas. Para os idosos, isso significa não apenas diversão, mas uma forma eficaz de manter a mente ativa e saudável. Será que estamos diante de uma nova forma de terapia cognitiva disfarçada de entretenimento?
De Espectadores a Protagonistas: Como os Idosos Estão Entrando no Mundo Gamer
O caminho para se tornar um gamer na terceira idade geralmente começa com a observação. Muitos idosos primeiro assistem seus filhos ou netos jogando, desenvolvendo curiosidade sobre aquele universo. Com o tempo, são incentivados a experimentar jogos mais acessíveis, e a partir daí, uma paixão inesperada pode nascer.
- Jogos narrativos como “The Last of Us” e “Red Dead Redemption 2” são frequentemente os favoritos por seu ritmo mais contemplativo
- Títulos de investigação como “L.A. Noire” e “Heavy Rain” atraem pelo desafio intelectual
- Aventuras gráficas e jogos de simulação oferecem experiências menos intimidadoras para iniciantes
“A chave está na paciência e na escolha certa do primeiro jogo”, explica Ricardo Martins, especialista em inclusão digital para idosos. “Quando encontram um título que ressoa com seus interesses, como filmes de faroeste ou séries de investigação, a adaptação acontece naturalmente.”
Comunidades Intergeracionais: Quando Avós e Netos Compartilham a Mesma Paixão
Uma das consequências mais surpreendentes desse fenômeno é a criação de novas pontes entre gerações. Famílias que antes tinham pouco em comum agora compartilham discussões sobre estratégias de jogo, personagens favoritos e lançamentos aguardados.
Em plataformas como Reddit e Discord, não é incomum encontrar relatos emocionantes de netos que descobriram que suas avós dedicaram milhares de horas a jogos como Ark, Conan Exiles ou Minecraft. Essas histórias viralizaram nas redes sociais, inspirando outras famílias a introduzir seus membros mais velhos ao universo dos games.
Que impacto essa nova forma de conexão intergeracional pode ter nas relações familiares a longo prazo? As evidências sugerem que o compartilhamento de hobbies digitais fortalece laços e cria memórias significativas que transcendem as barreiras etárias.
A Indústria Está Preparada Para os Silver Gamers?
Apesar do crescimento desse público, a indústria de games ainda tem um longo caminho a percorrer quando se trata de acessibilidade para jogadores mais velhos. Opções de configuração como tamanho de texto ajustável, controles simplificados e ritmo de jogo personalizável ainda são exceções, não regras.
Algumas desenvolvedoras, no entanto, já perceberam o potencial desse mercado. Jogos como “Animal Crossing” e “Stardew Valley” têm atraído jogadores de todas as idades justamente por sua acessibilidade e baixa curva de aprendizado.
“Estamos apenas começando a entender o potencial dos games como ferramenta de inclusão social para idosos”, afirma Mariana Souza, gerontóloga especializada em tecnologia. “O próximo passo é desenvolver títulos que considerem as necessidades específicas desse público sem sacrificar a qualidade da experiência.”
Você Sabia?
A jogadora de videogame mais velha do mundo documentada é Hamako Mori, conhecida como “Gaming Grandma”, que aos 90 anos mantém um canal no YouTube onde compartilha suas aventuras em jogos como Call of Duty e Grand Theft Auto. Ela joga videogames há mais de 39 anos!
O Futuro dos Silver Gamers
À medida que a geração que cresceu com os primeiros videogames envelhece, podemos esperar uma normalização ainda maior de idosos gamers. A geração que jogou Atari e NES nos anos 80 está agora entrando na terceira idade, trazendo consigo décadas de familiaridade com jogos eletrônicos.
O que veremos nos próximos anos não será apenas um aumento no número de jogadores idosos, mas uma transformação na própria definição do que significa ser um gamer. Idade, afinal, é apenas um número – especialmente quando se trata de explorar mundos virtuais e viver aventuras digitais.
E você, já pensou em apresentar um videogame para seus pais ou avós? A próxima grande história de superação e descoberta no mundo dos games pode estar esperando para acontecer na sua própria família.
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Entusiasta e analista de cultura pop. Aqui no ClipSaver, compartilho minha paixão por séries, filmes, quadrinhos e games, explorando como essas histórias moldam nosso imaginário coletivo. Acredito que a cultura pop vai além do entretenimento – ela reflete quem somos e conecta pessoas através de experiências compartilhadas. Junte-se a mim nessa jornada pelos universos que nos fascinam!